O burnout parental é uma condição que atinge mães, pais e cuidadores diretos, causando uma grande exaustão emocional, aliada a sentimentos de derrota, frustração ou redução na capacidade de cuidar. Enquanto o burnout ocupacional está ligado ao ambiente de trabalho, o parental se relaciona com o ato cuidar.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, afirma que dos 1.285 pais de crianças e adolescentes menores de 18 anos, 66% sofriam de burnout parental. Destes, 68% eram mulheres e 42%, homens, mostrando a prevalência entre as mães. O estudo também aponta que o problema está possivelmente relacionado com ansiedade, depressão e aumento do consumo de álcool.
Observa-se que o burnout parental, em comparação com o ocupacional, leva mais tempo para mostrar os sintomas, além de ainda existir uma subnotificação. A carga de atividades das mulheres, aliada à exigência para ser uma mãe adequada, costumam ser as causas desse tipo de burnout nelas. De maneira geral, o excesso de exigências aos pais, a pressão para ser uma “boa mãe” ou um “bom pai”, traz como consequência esse transtorno.
A pesquisa americana verificou os principais motivos para o burnout parental: ansiedade dos pais ou dos filhos, TDAH dos filhos ou preocupação dos pais com um possível transtorno mental não diagnosticado dos filhos.
O processo de esgotamento é gradual e em vez da pessoa procurar estratégias saudáveis para lidar com o problema, como ter um grupo de amigos, uma rede de apoio, um hobby ou respeitar as próprias necessidades, entrega-se ao cansaço ou busca aumentar a própria energia, com o abuso de substâncias ou comportamentos compulsivos, por exemplo. Os sintomas mais comuns do burnout parental são:
- Estado extremo de cansaço;
- Fadiga física e emocional que não necessariamente estão ligadas à energia que foi usada ao longo do dia, pois o cansaço não diminui mesmo após o descanso diário;
- Sentir que precisa de distância dos filhos;
- Sensação de isolamento;
- Irritabilidade;
- Falta de paciência e aumento de conflitos com outros membros da família;
- Aumento de atividades de escape, com uso de comida, bebida ou drogas para conseguir enfrentar o dia a dia;
- Falta de motivação;
- Sinais físicos como dores de cabeça, gastrites, queda de cabelo;
- Sentimentos de ansiedade e de depressão.
Para prevenir ou tratar é necessário aprender a colocar limites para si e para os outros, compreendendo que não há problemas em dizer “não”. Outras dicas:
- Investir no autocuidado, para não esquecer que além de ser pai/mãe, também é um ser humano, que precisa se cuidar para aliviar situações de maior stresse;
- Cuidar da alimentação;
- Descansar de verdade;
- Buscar um sono reparador;
- Dividir as tarefas domésticas com o parceiro e também com os filhos, que já podem assumir algumas funções na casa de acordo com a faixa etária, desde guardar seus próprios brinquedos até lavar a louça;
- Dar responsabilidade e autonomia aos filhos em relação às tarefas da escola e à arrumação do próprio quarto;
- Se necessário, diminuir o número de atividades extracurriculares dos filhos, que, em excesso, podem estressar todo mundo;
- Ter um horário para atividades para lazer;
- Praticar exercícios físicos;
- Procurar uma rede de apoio para desabafar e falar sobre as experiências;
- Aprender boas práticas que já funcionam para outras pessoas, principalmente nas etapas mais iniciais, quando a vontade de se isolar aumenta;
- Procurar ajuda de terapeutas, como psicólogos, psicanalistas e psiquiatras.